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Entrevista 3 - Maiwsi (Jovens Empreendedores)

  • Amanda Rocha
  • Apr 9, 2015
  • 7 min read

"Quando eu conheci a moda eu percebi que eu era feia, então eu pensei “se eu me vestir bem, se meu cabelo estiver bom, se minha maquiagem estiver boa, aos olhos de certas pessoas eu vou ser bonita”, então para mim a moda tem a capacidade de transformar, ninguém é feio, isso eu aprendi muito bem"


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Maiwsi é uma modelo. Digo, linda como uma modelo, rica em beleza própria... mas acima de tudo, uma modelo de sucesso a ser seguido. Com condições de vida semelhantes à nossa, saindo da Etec Cidade Tiradentes e conquistando seus objetivos gradualmente!

A Maiwsi mostrou para nós que um grande empreendedor pode sair de uma Etec! Quem sabe o próximo seja você? Confira a entrevista com essa ilustre pessoa!


Blog Carpe Diem: Como você trabalha com criatividade, ao seu ver, quais são as suas limitações? E a concorrência?


Maiwsi: Então, quando você é criativo você tem que achar alternativas de fazer o diferente, basicamente criatividade é isso. Como eu relaciono muito faculdade e produto, por exemplo no trabalho da faculdade eles pedem algo, eu sempre vou atrás daquilo que nunca foi feito por ninguém, entende? Esse já vai ser o meu diferencial. Mas dentro daquilo que ninguém fez, como ninguém fez, não tem uma comparação entre “bom” ou “ruim”, apesar de eu sempre tentar fazer algo “bom”. Quando o público vai atrás de algo, ele quer algo diferente, o público brasileiro, hoje, que consome moda, quer ser diferente. Quando você vai em uma “C&A” tem cinquenta peças do mesmo produto, uma “C&A” em Itaquá, ou seja, cinquenta pessoas vão ter a mesma roupa que você, e se você for em outro bairro, em outra “C&A”, mais cinquenta pessoas estarão usando essa mesma roupa. Então você quer ser diferente, e quando você trabalha com algo que ninguém fez, você é diferente, logo, a criatividade está nisso.


Blog Carpe Diem: O mercado da moda é caracterizado por muitos como um mercado fútil, até meio supérfluo, que tem esses padrões muito exagerados, de beleza, por exemplo, e na primeira sessão de fotos que você apresentou para os alunos, percebemos que a modelo era Plus Size. Como você vê essas relações de estereótipos de beleza?


Maiwsi: A moda é fútil, só que quando eu falei com oito anos que eu queria trabalhar com moda, eu sempre tive muito problema de autoestima, quando eu conheci a moda eu percebi que eu era feia, então eu pensei “se eu me vestir bem, se meu cabelo estiver bom, se minha maquiagem estiver boa, aos olhos de certas pessoas eu vou ser bonita”, então para mim a moda tem a capacidade de transformar, ninguém é feio, isso eu aprendi muito bem, só que todo mundo tem uma beleza e tem que mostrar essa beleza, e com a moda é que você consegue mostrar isso, então pra mim não é fútil por conta disso, porém, a indústria trabalha em cima da futilidade porque a futilidade vende, e como essa mesma indústria é feita por grandes empresas, pessoas ricas, parece fútil, e como todo mundo quer ser rico, todo mundo quer ser bonito, todo mundo quer estar na capa de revista, então nós mantemos a indústria fútil, pois queremos ser iguais a eles.


Blog Carpe Diem: Gostaríamos de saber se você tem alguma inspiração, alguém que te influencia no seu trabalho, no sentido geral.


Maiwsi: Quando você trabalha com moda você não pode ficar preso em apenas uma coisa, então tudo te inspira, música te inspira, arte te inspira, dança te inspira, a árvore lá fora te inspira, entende? Eu sempre quis ser artista, isso por conta de que vim de uma família de artistas, logo, isso já me influenciou. Minhas irmãs dançam, eu danço, mas não profissionalmente, então a dança me inspira, por exemplo. Eu ouço uma música, eu ouço muito RAP, músicas da década de 60, então já me inspira, pois não estou na década de 60. Você ouve a música e você volta lá atrás quando a música foi gravada, você imagina como era, você imagina as pessoas dançando aquela música, grafite me inspira muito também. Em relação ao meu público, por exemplo o masculino, algumas peças eu me inspirei Kanye West, coisas que ele usa, etc. Só que meu público quer ser estilo Jay Z, aí você tem que prestar atenção em que ele usa. Me inspiro também em alguns estilistas que eu gosto, eu gosto muito do Jeremy Scott, ele desfila na Semana de Moda de NY, ele tem sua própria marca, trabalha para a Adidas e para Moschino, tudo o que ele faz, eu amo, ele é bem diferente do que a gente vê, ele é “bem louco”.


Blog Carpe Diem: Por você estar inserida nesse meio artístico, você sabe que a arte não é tão valorizada em nosso país, como você vê esse meio daqui uns anos?


Maiwsi: O grande problema da arte no Brasil, eu vejo que é a educação, nós só temos artes no fundamental e quando chega no ensino médio – que é quando deveríamos estudar realmente o que é história da arte – nós só temos essa matéria no 1º ano e em um ano não dá para aprender. Eu vejo que nos Estados Unidos você aprende arte no seu período escolar inteiro, e você não tem só pintura, você tem dança, teatro, coral, então você explora todas as vertentes da arte. Acho que o problema do Brasil é esse, o brasileiro não aprende a valorizar a arte, por isso ser artista é tão difícil por aqui, esse meio acaba não tendo importância. Eu vou em museus, festivais de Jazz, eu vou em lugares que quase ninguém vai. Eu vim de uma família de artistas, então eu aprendi a valorizar a arte independentemente de você ganhar dinheiro ou não, minha irmã é professora de dança e ganha muito bem, já meu irmão sempre sonhou em ter um grupo de samba e desde sempre eu vejo ele lutando por isso, e até hoje ele não conseguiu. Das artes, o meu é o que é mais valorizado e mesmo assim não é tão valorizado assim (risos).


Blog Carpe Diem: A cantora Beyoncé – que você admira muito – está sempre muito envolvida com projetos sociais e ambientais, e a mesma possui um poder muito grande de incentivar as pessoas. Você acredita que alguns artistas brasileiros também poderiam ter essas atitudes e esse poder de influências positivas, ou só ficar na “ostentação”?


Maiwsi: Muitos artistas já fazem isso, mas nós estamos apr

endendo agora a nos conscientizar, mas acreditamos que sejam problemas distantes, por exemplo, nós estamos com problema de água, mas poucos diminuem o tempo no banho, esses dias vi uma mulher lavando a calçada com a mangueira, pois nós não somos educados e conscientizados de que devemos mudar, então mesmo que alguém artista tente nos influenciar, ainda é muito difícil de nós fazermos. Semana passada fui em uma Feira Sustentável e vi coisas ótimas, eu vi roupas maravilhosas sustentáveis, porém são muito caras por conta de todo trabalho, logo, as pessoas irão optar por produtos mais baratos, que utilizam couro de animais, produtos químicos, etc. Então mesmo os artistas tentando nos influenciar, ainda é muito difícil tentar reverter a mentalidade da pessoa e nós termos condições financeiras de sermos sustentáveis


Blog Carpe Diem: Você pretende abrir uma loja física para sua marca, a By MAIA?


Maiwsi: Eu não penso tão grande assim, eu ainda sou meio traumatizada em como funciona a indústria de moda no Brasil, eu não me imagino e não almejo eu no SPFW (São Paulo Fashion Week), é um núcleo fechada que eu agora não me insiro, e eu vejo que eles fazem questão de eu não me inserir, então eu não quero compactuar com isso. Loja física para mim é um plano bem distante, meu plano atual é poder vender em lojas já existentes.


Blog Carpe Diem: Você como uma mulher forte, o que acha do Movimento Feminista?


Maiwsi: Eu sou feminista, lógico, eu luto pela igualdade entre os sexos, porém não sou a favor do fanatismo e não vou ficar te metralhando por expressar sua opinião, te chamando de machista e coisas do tipo. Eu apoio, tenho muitas amigas feministas da USP, aquelas militantes que pintam a cara, saem na rua com os seios à mostra, até já fui na Marcha das Vadias. Eu realmente apoio muito, acho importante, pois a mulher tem um papel inferior e merece ser tratada como igual.


Blog Carpe Diem: O que você pensa sobre o preconceito que a sociedade tem com homens que atuam na área da moda?


Maiwsi: Meu curso quando começou, são tinha cinco homens e só um era hetero, o mesmo não queria trabalhar com criação, ele entrou no curso de moda porque era Administrador e queria conhecer a parte de criação. Eu não tenho preconceito, a questão é que muitos que trabalham na moda são homossexuais, então isso se torna um “problema”, mas ao mesmo tempo que eu não sou branca também é um “problema”. Eu não vejo como um problema, mas os próprios homens heteros tem preconceito em fazer moda.


Blog Carpe Diem: Como você vê o espaço da mulher negra na arte?


Maiwsi: Ser mulher já é difícil, ser mulher e pobre é mais difícil, ser mulher pobre e negra é mais difícil ainda. As artes querendo ou não é um meio mais feminino, porém a mulher perdeu esse espaço, ela está reconquistando esse espaço novamente, por eu trabalhar em uma área tecnicamente dominada por mulheres, eu não enfrento um problema tão grande de machismo, só que existem muitas áreas que por você ser mulher você não pode fazer, mas é a mesma coisa que disse antes, você tem que se impor, tudo é questão de respeito também, você tem que se respeitar, se você tem um sonho você tem que respeitar esse sonho.


Blog Carpe Diem: Qual a mensagem que você pode nos deixar? Qual a mensagem que você deixa para as pessoas?


Maiwsi: Nossa, sou péssima com essas coisas de mensagens (risos). Ah, não sei, sejam diferentes, ser diferente é muito bom.


 
 
 

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