Olimpíada de Língua Portuguesa - 1º Lugar

O lugar onde vivo

UM MUNDO ONDE CARREGAMOS ESTAMPADA A IMAGEM DE NOSSAS ORIGENS.

Vivemos em um mundo cheio de pequenos mundos, em um país com uma maravilhosa herança cultural e pessoas de bem, possuímos cidades maravilhosas, já eu, vivo em um município pouco conhecido, talvez você não o conheça também, ele tem um nome estranho e foi fundado por jesuítas, eu vivo em Itaquaquecetuba. Uma cidade com pouco mais de 300 mil habitantes, localizada na região metropolitana de São Paulo. Conhecida por suas diversas indústrias é um lugar que possui características próprias; os itaquaquecetubenses podem orgulhar-se, por exemplo, de sua religiosidade, essa “cidade presépio” possui uma fé inigualável.

Conquanto, essa cidade tão complicada quanto o próprio nome é vista de maneira negativa por seus habitantes, na maioria das vezes, hostilizada pelas cidades vizinhas por ser um município desorganizado e inseguro, decerto não somos a cidade mais bem administrada do mundo, aqui o transporte é de péssima qualidade, além disso, os setores da saúde pública e segurança não ficam para trás no ranking de “piores serviços prestados a população”. Ouço histórias de meus pais e avós de que tudo isso um dia já foi bom, mas são apenas histórias, é só o passado.

Fico de fato muito nervosa por ver a forma como nos tratam quando frequentamos outras cidades e tentamos socializar e interagir com pessoas novas. Na maioria das vezes quando me apresento como cidadã de Itaquá as pessoas conseguem deixar aparente os seus sentimentos de desprezo e desdém. Infelizmente, vivemos em mundo em que não só aparência nos define, mas o lugar de onde viemos também.

Vivo em uma parte muito valorizada na cidade nos dias de hoje, mas nem sempre foi assim. Nossa cidade cresceu de forma positiva por contas dos avanços tecnológicos nas últimas décadas, mas o crescimento do qual eu digo esta totalmente desorganizado.

Contudo eu não tive a mesma sorte de outras crianças de crescer em um local com lindas paisagens e rodeada pela natureza. Ao longo dos meus 16 anos cresceram juntos de mim alguns prédios espelhados, lojas de roupas, fast-food, enfim, meus pés não sentiram o frescor da grama molhada, mas a quentura de asfaltos enquanto brincávamos nos carrinhos de rolimã.

Em nenhum momento citei de que a educação das crianças e jovens é alarmante, lutei por uma educação de qualidade, essa educação esta sendo dada a mim aqui mesmo, em Itaquaquecetuba. Precipuamente tenho consciência de que mudanças podem ser feitas a partir de mim, e isso é graças as pessoas com quem convivo e, sobretudo sobre lugar onde vivo; não quero pensar como a massa, quero poder fazer mais por mim, pelos outros e pelo lugar onde vivo.

Angélica de Oliveira Augusto

#angelica